DE MADRUGADA
Belo Horizonte, 12-12-1976
No sol da madrugada, eu me encontrei.
Estava tudo calmo, apenas eu chorava
A doce miséria do mundo,
A alegre amargura do homem,
A triste alegria do povo.
Na doce madrugada eu apenas sorria,
Um riso de desprezo por todas as coisas,
Por todos os seres humanos
Que fazem o irmão sofrer.
Na amargurada madrugada eu vi o homem chorar,
Eu senti o homem sofrer.
Tentei diminuir o sofrimento humano,
Mas eu sozinho não podia.
Todos se recusaram a me ajudar.
Pobre homem. Que fazer? Que pensar,
Se todos ficam parados?
E nesse estático momento eu olhei as estrelas.
Elas me ajudariam? Talvez sim. Talvez não.
Mas, elas me olhavam com curiosidade.
E o homem ficou parado,
E o mundo ficou parado,
E passou um homem que ficou a observar
A minha triste angustia.
O homem estava triste,
Triste como eu.
Deveria ser um pensador.
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