quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MÃE

MÃE
Belo Horizonte, 03-01-1977

Mãe que desgraçadamente alimenta,
Em pleno sol do meio dia
Seu filho de cor, com amor,
Despido do assim exigido
Pela saúde impopular.
O filho chora desesperado
Fazendo chorar a pobre mãe,
Pelo filho sem solução,
Apertando-o ao coração
Num reprimido soluço,
Num soluço sem eco
Que nem Deus dá ouvidos,
Pondo um problema no ar:
É o soluço muito baixo
Ou Deus quem tapou os ouvidos?
A mãe pede ajuda:
Os transeuntes não ouvem.
Será que taparam os ouvidos?
Estão andando como máquinas apressadas,
Cada um para o seu lar
Pois o luxo os aguarda,
E a mãe ali fica
A chorar sua miséria,
Sem ter casa, comida ou razão,
Para oferecer aos outros cinco.
Qual a solução para a tragédia
De uma infeliz mãe,
Que por amor a seus filhos
Flutua na desgraça da vida,
Dando braçadas contra a corrente,
Que é a miséria liquida
De um mar de infelicidades.

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