REVOLTA
Nazaré, 04-12-1968
Aqui eu escrevo, todas as minhas desgraças
De toda a minha vida passada, presente, futura.
Odeio a todos e gosto de todos.
Mato por todos, sofro por todos e vivo por todos.
Olho-me no espelho e verifico com surpresa!
Eu não sou eu.
Eu não sou o eu que me era antigamente.
Não sou mais quem eu pensava quem eu era.
Estava mais arisco ou talvez, mais calmo.
Não sei me identificar, pois dentro do espelho
Só o que não modificou em mim, foi o meu nome.
Quem me dera que eu voltasse a ser,
O que não era futuramente.
Eu apenas não quero ser o que ainda serei;
Um eterno felizardo.
Eu quero é sofrer. Sofrer!
Até a hora de perecer
E voltar a ser
O que ninguém pretende ser.
Onde ninguém pretende estar.
Um lugar tão quente, tão sufocante.
Sufocante como um abraço
Quente como um beijo.
Este lugar, quente, nutridor, homeostático e eterno
ResponderExcluirtambém conhecido como o paraíso perdido
o útero materno.
é a luta e a preplexidade da individuação que nos mostra o tanto que fazemos parte do todo e ao mesmo tempo, noves fora, acabamos nada...
Gostei muito de ler-te.
GRANDE ABRAÇO